quarta-feira, 11 de novembro de 2009

2ª Aula: Alfabetização e Fracasso Escolar

Como o curso gira em torno de apontar algumas sugestões para o aprimoramento da prática docente, no que diz respeito às aprendizagens e desenvolvimento das potencialidades dos alunos, surge como tema sugestivo, para discussão das análises de práticas intra-classe, “O Fracasso Escolar”. Como pesquisadora desse tema, cabe destacar Maria Helena S. Patto, que pesquisou a concepção de professores em relação ao aprendizado e desenvolvimento dos alunos; pesquisa essa publicada em forma de livro, a saber, “A produção do fracasso escolar”, e que muito contribui para discussão e compreensão do assunto.

A produção de conhecimento sobre o que se convencionou chamar "fracasso escolar" tem uma longa história. Um estudo da situação atual da pesquisa desse tema não pode desconsiderar levantamentos anteriores. Para se conhecer os termos dessa continuação, é preciso situar a produção recente nas linhas e tendências apontadas por levantamentos anteriores, mesmo que difiram quanto às fontes.

Uma das vertentes da pesquisa recente parte do princípio de que o fracasso escolar se deve a prejuízos da capacidade intelectual dos alunos, decorrentes de "problemas emocionais". Entende-se que a criança é portadora de uma organização psíquica imatura, que resulta em ansiedade, dificuldade de atenção, dependência, agressividade, etc., que causam, por sua vez, problemas psicomotores e inibição intelectual que prejudicam a aprendizagem escolar. Não se trata da tese tradicional de que as crianças das classes populares têm rendimento intelectual baixo por carência cultural, mas de afirmar uma inibição intelectual causada por dificuldades emocionais adquiridas em relações familiares patologizantes.

Apesar de sua importância, o estudo dos motivos da escolarização não é tarefa simples, pois eles não são facilmente identificáveis e necessitam ser inferidos a partir da cultura escolar. É necessário que um maior número de investigações seja realizado para que se possa entender, também, como tais motivos são gerados e como podem ser modificados na luta contra o fracasso escolar. Pode-se pensar que uma das maneiras de influenciar o desenvolvimento de culturas que conduzam ao sucesso seja a discussão dos preconceitos dos professores quanto aos fatores que levam ao fracasso escolar, tanto nos cursos de graduação quanto nos espaços de formação continuada. É necessário que os professores avaliem a influência tanto de suas concepções quanto de suas práticas e o papel representado pelo discurso pedagógico que predomina em suas escolas sobre o desempenho de seus estudantes.

Por isso que é importante estudar o fracasso escolar através de procedimentos metodológicos amplos, que indicam a extrema relevância da abordagem qualitativa, capaz de jogar luz sobre processos intra-escolares que podem, inclusive, modificar, no nível local, o efeito dos fatores de risco calculados no nível populacional. Este é um dado importante, na medida em que o fracasso escolar implica enorme desperdício humano e econômico em nossa sociedade, como já referido anteriormente.

Atividade



Realizar uma pesquisa com seus alunos sobre qual é a concepção de aprendizagem e possíveis mudanças qu eles têm.

3ª Aula: Socialização das pesquisas

Esta aula é destinada para a socialização das pesquisas realizadas, para que todos tenham a oportunidade de compartilhar as concepções de seus alunos com relação à aprendizagem e buscar caminhos alternativos para que todos dentro da sala de aula possam construir seu conhecimento.

2º MÓDULO: JOGOS



Objetivo desse módulo

Possibilitar que o educador reavalie sua prática e a escolha de seus recursos pedagógicos no processo de ensino aprendizagem.

1ª Aula: A importância dos jogos na Educação

Para entender melhor esta questão observaremos o que nos alerta Huizinga (1996), que o jogo é mais antigo que a cultura, pois esta pressupõe ação humana. Porém, no caso do jogo, podemos ver sua presença até entre animais, eles se interagem, se convidam para brincar, respeitando as regras necessárias, ou seja, os limites para que aquela ação fique no campo do faz-de-conta, e através da brincadeira, surge o sentimento de imenso prazer e divertimento.

No entanto, o jogo não busca suprir somente as necessidades fisiológicas ou/e psicológica imediata, pois como nos aponta este autor, que jogo “é uma função significante, isto é, encerra um determinado sentido. No jogo existe alguma coisa “em jogo” que transcende as necessidades imediatas da vida e confere um sentido à ação” (HUIZINGA, 1996, p. 3).

A partir desta idéia podemos afirmar, que todo jogo tem seu significado, e independente de qual seja, é importante ressaltar que implica a presença de um elemento não material em sua própria essência.

Uma característica essencial do jogo é a liberdade, ou seja, para que uma brincadeira aconteça é necessário que parta dos seus participantes o desejo e interesse por desenvolver certas atividades, sem ser obrigatório, tornando-se ao mecânico e sem significado. Outra característica muito importante do jogo é o faz-de-conta, a evasão da vida real para uma esfera temporária de atividade como orientação própria.

Com Brougère (1998) podemos perceber que o brincar, assim como a arte, não deve ser vista como simples relação com o real. E deve ser sempre considerada como atividade carregada de significação social, e não somente como um ato individual. E precisa, como outras atividades humanas, ser ensinada.

O jogo só existe dentro de uma cultura que a partir de suas características o interpreta como tal. Há um sistema de significação que faz com que certas atividades humanas sejam consideradas como jogo. Ou seja, “para que uma atividade seja um jogo é necessário então que seja tomada e interpretada como tal pelos atores sociais em função da imagem que têm dessa atividade”. (BROUGÈRE, 1998, p. 22)

As representações são um aspecto importante, pois contribuem para a construção do papel social. O ato de representar pressupõe algumas regras e situações imaginárias de faz-de-conta, porém geralmente não regras combinadas, implícitas, que definem os comportamentos das pessoas imitadas dentro do seu papel social.

Vygotsky chega a afirmar que é pelo jogo que o sujeito se faz humano, se desenvolve. No jogo a criança parece ser maior do que ela é, pois na vida maior não pode ser, e por meio do brinquedo se faz possível. Neste sentido o brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal.

Recomendação de leituras



Estão disponíveis alguns artigos de autores que trabalham a questão dos jogos na Educação para leitura complementar.


Tizuko Morchida Kishimoto

Gilles Brougère

2ª Aula:Sugestões de jogos pedagógicos

Os jogos pedagógicos são instrumentos que podem ser utilizados pelos professores para auxiliarem a aprendizagem dos alunos.

Dessa forma, ressalta-se que a pesquisa por jogos didáticos foi muito proveitosa, e, a cada descoberta, surgiam mais idéias e adaptações que poderiam ser feitas até mesmo com jogos já existentes, como o caso do jogo da memória. Para esse jogo, buscamos incluir figuras e nomes, diferentemente do jogo tradicional, que nas duas partes encontram-se figuras.


Figura 1: bingo de letras

A figura 2 mostra o jogo da memória feito com uma figura colada em uma cartela e seu respectivo nome colado em outra. Dessa forma, a criança terá o trabalho de ler o nome e associar a figura presente na outra cartela. Já a figura 3, exibe o mesmo jogo, só que com alterações na cartela com o nome escrito. Em nível mais avançado, o aluno pegará a cartela com o nome, e tentará associar à figura, mas o detalhe desse jogo é que a palavra não está escrita inteiramente, faltam letras, e nesse caso, antes de descobrir o par, o jogador terá que descobrir qual é a palavra.


Figura 2: jogo da memória - figuras e palavras inteiras


Figura 3: jogo da memória - figuras e palavras para completar

As cores e os trabalhos bem feitos também atraem as crianças. Se for o caso de trabalhar com sucatas, não se faz tantas exigências, mas se for o caso de aquisição de materiais para serem confeccionados, deve-se optar por cores fortes e vibrantes. O aproveitamento de materiais também é levado em conta, no jogo “Lince”, adaptação de um jogo já existente, pode-se observar as cores utilizadas: para o tabuleiro foi utilizada uma folha de papel cartão azul-escuro, e para as cartelas com os nomes foram utilizados retalhos de papéis coloridos. Esse jogo segue a foto abaixo, foi pensado da seguinte maneira: é para ser jogado no mínimo com três jogadores, sendo que um ficará somente sorteando as palavras. Esse jogador pegará uma palavra de dentro de um saco e mostrará aos demais jogadores, aquele que ler e primeiro encontrar a figura correspondente no tabuleiro ganha a cartela. Vencerá o jogador que obtiver mais cartelas.


Figura 4: lince

Outro jogo bem chamativo, e que também foram feitas adaptações a partir de um jogo já existente, foi o jogo do “Mico”. Nesse caso, montamos o jogo do “Mico Geométrico”, que funciona seguindo as regras do jogo tradicional. Dando-se, entretanto, ênfase ao estudo das figuras geométricas. Esse jogo foi criado por uma aluna do curso de matemática, durante seu estágio.


Figura 5: jogo do Mico Geométrico

Para reaproveitar papéis mais grossos, como de caixas ou papelão, montamos jogos de cartelas. Com o ensino já em estágio mais avançado, pode-se trabalhar com montagem de palavras e posteriormente de frases. Para o jogo de palavras foi colocado letras separadas nas cartelas. Aliás, esse jogo pode ser jogado individualmente ou em grupo e tem por objetivo formar o maior número de palavras possíveis nas cartelas. O jogo de frases funciona assim como o de palavras, só que formando, desta vez, frases.


Figura 6: jogo de palavras


Figura 7: jogo de Frases

Um outro jogo confeccionado foi o de sílabas. Para o mesmo utilizamos cartelas de papel colorido e figuras recortadas de revistas. A palavra foi dividida em sílabas e coladas em pedacinhos de papel, quando o vocábulo era mais complexo, colamos uma sílaba na cartela, de modo a facilitar. A criança deverá encontrar as sílabas correspondentes a cada palavra e montar na cartela.


Figura 8: jogo de sílabas

O tradicional dominó também foi modificado, ao invés de colocar duas figuras iguais, buscou-se colocar uma figura e seu nome. As pedras foram montadas em restos de fórmica que foram doados. Esse pode ser um material difícil de ser encontrado, mas pode ser substituído por papelão, é a intenção de reaproveitar tudo o que for possível.


Figura 9: dominó

Para estudar adição, subtração, multiplicação e divisão, montamos várias cartelas com aproximadamente 20 continhas, e os seus resultados em pedacinhos de papel separados. Esse jogo foi pensado para ser trabalhado em grupo, assim como a maioria dos jogos criados. O grupo deve resolver as contas, achar o resultado e encaixar na cartela. A equipe vencedora será aquela que terminar primeiro.


Figura 10: jogo de continhas

Essas são sugestões de como os jogos podem ser trabalhados em sala de aula para auxiliar no processo de ensino aprendizagem.

Atividade



Pesquisar vários tipos de jogos pedagógicos que possam ser realizados com os alunos no trabalho desenvolvido em sala de aula. Podendo contemplar as diversas disciplinas do currículo escolar.

3º MÓDULO: ALFABETIZAÇÃO E JOGOS




Objetivos deste módulo:


- Possibilitar que o educador perceba a importância de alfabetizar utilizando os jogos como recurso didático.

- Desenvolver percepções das vantagens de trabalhar com jogos na alfabetização

1ª Aula: Construções teóricas

O espaço para jogos e brincadeiras são uma das preocupações de grande parte dos educadores.

Os jogos são importantes para a compreensão da constituição psíquica da criança como também seu desenvolvimento social e cognitivo. É um recurso pedagógico e também psicopedagógico, sendo que no brincar a criança assimila teoria e prática, cria hipóteses, adquire experiências, fazendo com que a atividade seja interessante. É necessário, portanto que a criança tenha essa experiência de criar hipóteses, pois assim ela vai aprendendo no processo de alfabetização a criar soluções válidas para qualquer situação em seu cotidiano escolar ou não. Isso traz também benefícios para sua vivência social, pois em sociedade constantemente ela irá precisar solucionar problemas e criar e recriar novos fatos.

Para Froebel com os jogos a criança passa a ter noção matemática, e noções primárias da metafísica e da física, sendo os jogos necessários para um desenvolvimento integral da criança onde não somente a brincadeira é trabalhada com prazer, mas conteúdos significativos são explorados mesmo no contexto de alfabetização.

É importante ressaltar que os jogos se mostram importantes para uma maior socialização entre as crianças, em processo de alfabetização isso é muito importante, pois sem socialização a alfabetização fica prejudicada e mais difícil de ser aprendida pelas crianças. Na socialização as crianças percebem seus limites e os limites dos colegas e assim podem se ajudar mutuamente, um compreendendo o outro. Outro fator que a socialização agrega são valores, pois em compreensão aos limites e em ajuda ao colega, a criança percebe que regras morais são necessárias nos ambientes em que vivem.

Vigostsky afirma: “... aprende a seguir os caminhos mais difíceis, subordinando-se às regras e, por conseguinte, renunciando ao que ela quer, uma vez que a sujeição as regras e a renúncia à ação impulsiva constituem o caminho para o prazer no brinquedo” (VIGOTSKI, 1998, p.130). Portanto é no jogo que a criança aprende a construir caminhos de acordo com as regras que se estabelecem nesse caminho. Na fase de alfabetização a criança está criando um caminho para se estabelecer como indivíduo. Nesse processo ela está aprendendo novas regras, novas visões de mundo e, portanto necessita de renúncias para o aprendizado. No jogo a criança também se estabelece como aprendiz e desenvolve regras para se estabelecer em sociedade. O jogo, portanto se mostra essencial para o processo de alfabetização, sem ele processo cognitivo e social fica comprometido e em defasagem. É necessário que os educadores desenvolvam com os alunos jogos para o estabelecimento da criança como indivíduo que necessita de uma integralidade para ser atuante no mundo.

Atividade



De acordo com os textos de referência lidos neste módulo faça uma análise do que considera importante na articulação entre alfabetização e o jogo.

2ª aula: Aprendendo na prática

A partir da teoria trabalhada na primeira aula deste módulo escolha um jogo de alfabetização para que possamos aprender na prática a importância dos jogos no processo de alfabetização.

Para isso faça uma lista, com cinco pontos, a partir dos objetivos do jogo e do seu conhecimento sobre ele, das vantagens que proporciona ao processo de alfabetização.

Após esta etapa, você irá escolher uma criança ou um grupo de crianças na fase de alfabetização que julga que o jogo irá contribuir. Ensine o jogo e peça que joguem. Você irá observar e intervir quando necessário.

Terminada a atividade com as crianças, você irá retomar a lista que fez, e pontuar o que não foi contemplado. Como também acrescentar o que não tinha sido listado.

Estes pontos servirão de discussão no nosso fórum de debates.

Fórum de debates



Este é um espaço destinado para a troca de experiências. Postem suas listas e compartilhem suas dificuldades e conquistas.

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